Mauro Werkema – Jornalista
Em meio ao debate sobre a privatização parcial da Codemig, é proveitoso conhecer mais esta empresa, seus negócios e dimensão. Ela sucedeu a Comig, que resultou da fusão das antigas Metamig, Camig, Casemg e Hidrominas. É detentora dos seus antigos patrimônios ainda muito valiosos, como o Grande Hotel de Araxá e o Palace de Poços de Caldas e também terrenos, galpões em várias cidades. É proprietária do Expominas, do Minascentro e da sede da Orquestra Filarmônica. Implantou e administra os centros de convenções de Araxá, Teófilo Otoni, São João del-Rei e Juiz de Fora. Possui duas indústrias de pó calcário e de feldspato/caulin e, na “chaminé vulcânica” de Araxá, é possuidora das jazidas de nióbio, nome popular do molibdênio, de grande valor internacional, minerada pela CBMM, e de apatita/fosfato, explorada pela Vale Fertilizantes, também de grande valor no mercado brasileiro. Detém a exploração das águas minerais de Caxambu, Cambuquira, Lambari e Araxá. Administra a Rodoviária de BH.
Só a exploração do nióbio irá gerar royalties de R$ 700 milhões este ano para o Governo do Estado mas há previsão de que o seu preço internacional suba mais a curto prazo. Este valor é 25% da renda líquida, conforme o contrato de concessão dado à CBMM pelo governador Rondon Pacheco, por 30 anos, já prorrogado uma vez, e que extingue-se daqui a 14 anos. A CBMM poderá decidir minerar na sua própria jazida, ao lado da pertencente ao Estado e, pelo acordo de concessão, é obrigada a retirar 50% de cada mina. A CBMM é detentora, com reconhecimento mundial, da tecnologia de produção do óxido de nióbio e possui rede comercial exclusiva internacional, sendo seus principais compradores a China, Japão e Estados Unidos, com contratos de maior prazo.
ACBMM, pertencente ao Grupo Moreira Salles, vendeu 30% da empresa, 15% para o Japão e o mesmo percentual para a China. No momento, a Codemig, em parceria com a UFMG, estuda a exploração de “terras raras” e do grafeno, existentes na região, minerais de alto valor internacional, essenciais à evolução tecnológica de várias indústrias de ponta do mundo.
Com os recursos do nióbio, o Governo de Minas reformou o Mineirão e o Independência, implantou a Linha Verde para Confins, construiu a Cidade Administrativa, o Palácio da Filarmônica e inúmeras obras por todo o Estado, em distritos industriais e infra-estrutura. No momento, elabora programa para incentivar a Economia Criativa em BH, vocação da c idade. Constata-se que a venda de metade da empresa não é tarefa fácil por sua rede de negócios e a elevada complexidade na valorização dos seus muitos negócios. E, especialmente, do fabuloso nióbio, fonte preciosa de recursos públicos e sem qualquer custo. Pensada para quitar dívidas, a alienação retira capacidade de investimento do Estado que a Codemig supre. E compromete o futuro que não conta muito mais com a receita tributária.